domingo, 30 de maio de 2010

Sinto muito


  - Por favor, - eu disse – por favor, não me obrigue a continuar. – falei defensiva.
  - Não posso te obrigar, mas não vou desistir de você – ele falou em um tom agressivo.
  - E por que não? Todos já fizeram isso, até mesmo eu. – eu falei, agora com raiva.
  Eu sentia uma nostalgia absurda. Eu estava parada diante dele esperando uma resposta; Fazia frio, e caía uma chuva fina que trazia consigo lembranças de um passado melhor, um passado que não era bom, mas apenas melhor.
  - Porque eu sou o único que pode te fazer feliz. Porque eu sou o único que acredita que você pode mudar. – Ele disse, segurando meus ombros e prendendo minha atenção.
  - As pessoas não mudam. E eu odeio te decepcionar, odeio ver a esperança nos seus olhos, odeio tudo que envolva você. Eu – parei por um segundo, para segurar a lágrima que caía de meus olhos – Eu te odeio. – Falei pausadamente. Menti, menti como nunca havia mentido antes.
  Ele soltou meus ombros, e limpou as lágrimas de meu rosto. Segurou minhas mãos geladas e levou-as até seu rosto corado pelo frio que fazia. Derramou uma única lágrima em minha mão.
  - A esperança que você via em meus olhos estava nessa lágrima. A primeira de muitas que ainda irei derramar por você. – ele falou.
  E então me deu as costas, se perdeu na noite fria. Eu nunca o odiei, eu o amava como nunca amara ninguém. Mas preferia vê-lo magoado agora, do que infeliz para sempre ao meu lado. Sei que nunca o faria feliz, sei também que eu nunca serei feliz. Sei que não o merecia, nunca mereci nem ele, nem a felicidade que ele me trazia. Odeio-me por tê-lo magoado, mas me odiaria mais ainda se fosse obrigada a decepcioná-lo mais uma vez.

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