sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Eventualidades

 Eu observava os ponteiros do relógio tiquetaquearem incessantemente. Era cansativo. Mas de uma forma ou outra, eles nunca parariam de tiquetaquear. Eventualmente, talvez, quando a bateria, ou pilha, ou o que quer que seja que desse vida àquele relógio de plástico vagabundo comprado por um preço razoavelmente justo em uma loja de uma esquina qualquer acabasse, aí sim ele pararia de tiquetaquear. Ah, eu adorava aquele relógio vagabundo. Não por sua estética - pessoalmente, eu achava ele horroroso -. Adorava aquele relógio simplesmente porque ele nunca houvera parado de tiquetaquear. Não houvera um único instante de silêncio desde que o comprara. E de uma maneira peculiar, era aquele relógio de plástico vagabundo que me fazia levantar todas as manhãs. Não por ser irritantemente barulhento. Mas por nunca parar de tiquetaquear. Tic-tac. Tic-tac. Tic.

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